NA “NOITE ESCURA” NUNCA ESQUEÇAMOS: O RESSUSCITADO CAMINHA CONOSCO
Hoje, o 3º Domingo da Páscoa nos convida a refletir sobre a presença de Jesus Crucificado-Ressuscitado caminhando conosco, nos indicando que esta presença é sentida especialmente através das Escrituras (Bíblia) e da Fração (partilha) do Pão, para nós, a Eucaristia.
“Palavra e Eucaristia correspondem-se tão intimamente que não podem ser compreendidas uma sem a outra: a Palavra de Deus faz-Se carne, sacramentalmente, no evento eucarístico. A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura, como esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério eucarístico”. (Verbum Domini)
Porque os discípulos só reconheceram que era Jesus quando este parte o pão?
Primeiramente, porque estavam presos em sua dor, em sua perda. Esperavam muito do Messias! Queriam a libertação (política) de Israel, deixaram tudo para seguir Jesus esperando algo em troca. A escuridão causada pelo “fracasso da Missão do Mestre” era um golpe muito difícil de se aguentar! O negócio era voltar para casa e continuar de onde pararam, pois a decepção era imensa!
Segundo, porque quando imersos na dor, não conseguimos dar ouvidos àqueles que estão à nossa volta.
Foi necessário então, refrescar suas memórias... “Não está escrito que era preciso que o Cristo sofresse...”. Ao partir o pão, os olhos se abrem porque foi exatamente neste momento que se recordam da última ceia com o mestre. De seu gesto de amor-serviço ao lavar-lhes os pés, e de suas Palavras: Fazei isto em minha memória!
É interessante como muitas vezes, quando estamos na noite escura de nossa alma, como dizia São João da Cruz, não conseguimos, num primeiro momento, perceber aquela presença doce e serena de Cristo, iluminando as trevas, pacificando a dor, caminhando conosco.... Também os discípulos não conseguiram sentí-lo. Não rapidamente. Foi necessário relembrá-los. Porque não dizer, re-evangelizá-los! Assim acontece conosco.
A ligação existente na liturgia da palavra de hoje é o Querigma, isto é, a forma como era feito o anúncio do Cristo Crucificado-ressuscitado nas primitivas comunidades cristãs. Tanto com os discípulos de Emaús, como Pedro, logo após o dia de Pentecostes, o anúncio, isto é, a evangelização é a mesmo: diante da escuridão que tenta envolver a pessoa humana, escuridão que está presente na vida através dos diversos problemas que enfrentamos, sejam eles sociais, psicológicos e morais, Jesus Crucificado-Ressuscitado caminha com a humanidade, quer aquecendo o coração do homem com suas Palavras (através das escrituras), quer partilhando o pão (Eucaristia) para que sintamos sua presença.
Existe uma canção de Renato Russo que lembra muito bem isso: “Quando tudo está perdido, sempre existe uma Luz, quando tudo está perdido, sempre existe um caminho.”
Para nós, cristãos, a Luz, o Caminho é o Cristo Crucificado-Ressuscitado! Lembremos sempre disso: Cristo caminha conosco! E como na canção do amadíssimo Pe. Fábio de Mello, “Ele”está presente no menor dos grãos de areia. Na mais alta de todas as montanhas, numa gota d´água, de sangue e semente; num pedaço de pão, na luz na escuridão, no céu e no chão. No meio de nós!
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